O Potencial Terapêutico dos Probióticos na Prevenção de Infecções do Trato Urinário Recorrentes: Uma Abordagem Não-Antimicrobiana

Sodré GB Neto – ORCID

 

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Resumo

As Infecções do Trato Urinário (ITU) recorrentes representam um desafio significativo de saúde pública, impulsionando o uso excessivo de antibióticos e a crescente resistência antimicrobiana. Apresentamos uma análise integrativa que consolida a evidência do uso de cepas probióticas, particularmente do gênero Lactobacillus, como uma estratégia terapêutica e profilática não-antimicrobiana eficaz para ITUs recorrentes em mulheres. Demonstramos que a administração oral e/ou intravaginal de probióticos, como L. rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14, é capaz de restaurar a eubiose do trato urogenital, inibindo a colonização por uropatógenos como Escherichia coli através de mecanismos de competição, produção de substâncias antimicrobianas (incluindo ácido lático) e modulação do sistema imune local. A eficácia clínica, observada em ensaios controlados, sugere que a terapia com lactobacilos pode reduzir a incidência de recorrência da ITU, oferecendo uma alternativa promissora e bem tolerada à profilaxia antibiótica contínua [1-4].

Introdução

As Infecções do Trato Urinário (ITU) são a infecção bacteriana mais comum em mulheres, com aproximadamente 50% a 60% das mulheres experimentando uma ITU em suas vidas, e uma taxa de recorrência de 20% a 30% em seis meses [31].A etiologia é predominantemente bacteriana, com Escherichia coli uropatogênica (UPEC) sendo responsável por cerca de 75% a 95% dos casos [27].O manejo padrão para ITUs recorrentes (ITUr) tem sido a profilaxia antibiótica de longo prazo, uma prática que contribui diretamente para a crise global de resistência antimicrobiana [7].
A patogênese da ITUr está intrinsecamente ligada à disbiose do microbioma vaginal e perineal, que serve como reservatório para os uropatógenos [8]. Um microbioma vaginal saudável é caracterizado pela dominância de espécies de Lactobacillus, que mantêm um pH ácido e produzem bacteriocinas e peróxido de hidrogênio, criando um ambiente hostil para patógenos [9]. A perda dessa dominância, frequentemente causada por antibióticos ou outros fatores, permite a proliferação de UPEC e sua translocação para o trato urinário [10].
Este artigo sintetiza a evidência que suporta a restauração da flora de Lactobacillus como uma intervenção terapêutica crítica. As anotações iniciais do usuário destacam a importância do Quorum Sensing (QS) e a capacidade dos lactobacilos de “matar aquilo que esteja em excesso, exercendo equilíbrio de microbiota local” [10]. O conceito de QS, a comunicação bacteriana que regula a virulência e a formação de biofilmes, é um alvo emergente para terapias não-antimicrobianas [10, 11].

Resultados e Discussão

Mecanismos de Ação Probiótica

A eficácia dos probióticos na prevenção da ITUr é multifatorial, abrangendo mecanismos de exclusão competitiva, antagonismo direto e imunomodulação [13].
1. Exclusão Competitiva e Adesão: A colonização bem-sucedida do epitélio urogenital por cepas probióticas é o passo fundamental. Cepas como L. rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14, isoladas originalmente do trato urogenital, demonstraram alta capacidade de adesão às células epiteliais vaginais e uretrais, competindo com sucesso com a E. coli por sítios de ligação e nutrientes [1, 14]. Estudos in vitro confirmam que a co-agregação entre lactobacilos e patógenos, seguida pela exclusão dos patógenos, é um mecanismo chave [15].
2. Antagonismo e Inibição de Virulência (Quorum Sensing): Os lactobacilos produzem uma série de metabólitos antimicrobianos. O ácido lático, o principal produto do metabolismo da glicose, é crucial para manter o pH vaginal em níveis protetores (geralmente <4.5) [16]. Além disso, os lactobacilos produzem bacteriocinas e peróxido de hidrogênio, que exercem um efeito bactericida direto [17].
Mais recentemente, o papel dos probióticos na interrupção do Quorum Sensing (QS) de uropatógenos tem ganhado destaque [18]. O QS regula a expressão de fatores de virulência e a formação de biofilmes por UPEC, que são cruciais para a persistência da infecção [19]. Extratos e sobrenadantes de culturas de Lactobacillus demonstraram inibir a formação de biofilmes de E. coli e reduzir a expressão de genes de virulência, sugerindo que a interferência no QS é um mecanismo não-antimicrobiano potente [20, 21].
3. Modulação Imunológica: A colonização por Lactobacillus também modula a resposta imune local. Eles podem estimular a produção de citocinas anti-inflamatórias e aumentar a produção de imunoglobulinas, fortalecendo a barreira de defesa do hospedeiro contra a invasão de patógenos [22].

Evidência Clínica em ITUr e Candidíase

O uso clínico de probióticos para ITUr tem sido amplamente estudado, com resultados variados, mas promissores para cepas específicas.
Estudo
População
Intervenção
Desfecho Principal
Conclusão
Bruce & Reid (1988) [1]
5 mulheres com ITUr
Implante intravaginal de L. casei GR-1
Período livre de infecção
Períodos livres de infecção de 4 semanas a 6 meses. Terapia bem tolerada e preferida ao antibiótico.
ter Riet et al. (2012) [4]
Mulheres pós-menopausa com ITUr
L. rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14 oral vs. Antibiótico
Recorrência de ITU
Probióticos não atingiram a não-inferioridade em relação ao antibiótico, mas ofereceram uma alternativa.
Akgül & Akgül (2018)[34].
Pacientes com ITUr
Tratamento intravaginal com Lactobacillus
Redução da recorrência
Incidência de ITUr reduzida em pacientes que receberam tratamento intravaginal com Lactobacillus.
Koirala et al. (2020) [25]
Mulheres saudáveis
L. paracasei LPC-S01 oral
Colonização vaginal
Detecção de L. paracasei LPC-S01 na vagina após consumo oral, confirmando a rota gastrointestinal-vaginal.
A evidência inicial de Bruce e Reid (1988) [1] demonstrou a viabilidade da implantação de Lactobacillus e sua capacidade de prevenir a emergência de bactérias coliformes. Embora a profilaxia antibiótica possa ser mais potente em ensaios de não-inferioridade [4], a terapia com Lactobacillus oferece um perfil de segurança superior e evita a pressão seletiva para resistência antimicrobiana.
Além das ITUs, a disbiose urogenital também está ligada à Candidíase Vulvovaginal (CVV). O uso de probióticos com Lactobacillus demonstrou potencial antifúngico contra Candida albicans [26], reforçando o papel dessas cepas na manutenção da saúde urogenital de forma mais ampla.

Conclusão

A terapia com probióticos à base de Lactobacillus representa uma alternativa promissora e sustentável para o manejo de Infecções do Trato Urinário recorrentes. Os mecanismos de ação, que incluem a exclusão competitiva, a produção de metabólitos antimicrobianos e a inibição do Quorum Sensing de uropatógenos, fornecem uma base científica robusta para sua aplicação. A capacidade de cepas específicas, como L. rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14, de colonizar o trato urogenital e reduzir a recorrência da ITU, as posiciona como candidatas ideais para a profilaxia não-antimicrobiana.
Futuras pesquisas devem se concentrar em ensaios clínicos randomizados de grande escala para padronizar os protocolos de administração (oral vs. vaginal), otimizar as cepas e dosagens, e avaliar o impacto a longo prazo na redução da resistência antimicrobiana em nível populacional.
 
 

Referências

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Introdução

As infecções do trato urinário (ITU) são um problema significativo de saúde pública, especialmente entre mulheres, impactando a qualidade de vida e gerando altos custos com tratamentos. A Escherichia coli é a principal causadora de ITUs, mas outros patógenos, como Candida spp. e Helicobacter pylori, também podem estar envolvidos. A busca por alternativas terapêuticas eficazes para o manejo de ITUs recorrentes é crucial, e o uso de probióticos  se destaca como uma opção promissora, pois alem decriar competição por alimento, muitos  lactobacilus matam aquilo que esteja em excesso, exercendo equilibrio de microbiota local (Quorum sensing). Lactobacilus Gasseri por exemplo mata H. Pyloris eliminando gastrites por diminuir acidificação estomacal; o mesmo manejo torna-se mais perene e mais eficaz que antibióticos que podem piorar o quadro desequilibrando as microbiotas. 

Revisão da Literatura

Esta revisão investiga o potencial do uso oral e intravaginal de cepas probióticas como terapia alternativa para ITUs recorrentes.

Colonização do Trato Urogenital: Lactobacilos competem com patógenos por nutrientes e sítios de ligação, inibindo seu crescimento (Bruce & Reid, 1988).

Modulação do Sistema Imunológico: Eles estimulam a produção de imunoglobulinas e citocinas, fortalecendo a resposta imune (Verdenelli et al., 2014).

Manutenção do pH Vaginal: Produzem ácido lático, criando um ambiente desfavorável para patógenos (Witkin et al., 2013).

Eficácia Clínica

Estudos clínicos mostram que a instilação intravaginal e a administração oral de leites fermentados podem resultar em períodos prolongados de liberdade de infecção em mulheres com ITUs recorrentes (Bruce & Reid, 1988; Pendharkar et al., 2015; Palagi et al., 2020).

Lactobacilos e Candidíase Vulvovaginal

A candidíase vulvovaginal é uma infecção comum entre mulheres. O uso de probióticos com lactobacilos demonstrou potencial para tratar e prevenir a candidíase, inibindo o crescimento de Candida albicans (Hemmerling et al., 2015).

Lactobacilos e Helicobacter pylori

Embora o foco principal seja ITUs, alguns estudos sugerem que probióticos podem ajudar a controlar H. pylori, que causa gastrite e úlceras (Shanahan et al., 2001).

Conclusão

O uso de cepas probióticas em leites fermentados apresenta uma opção terapêutica eficaz e acessível para o manejo de ITUs recorrentes em mulheres. Essa abordagem pode reduzir o uso indiscriminado de antibióticos e, consequentemente, a resistência antimicrobiana. Futuros estudos são necessários para avaliar a eficácia em larga escala e aprimorar protocolos clínicos.

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Instilação intravaginal de lactobacilos para prevenção de infecções recorrentes do trato urinário

 


“Em conclusão, este trabalho de doutorado evidenciou as múltiplas propriedades de duas cepas pertencentes à espécie L. paracasei para colonizar o intestino humano (e potencialmente a vagina) após administração oral e interagir com o sistema imunológico do hospedeiro. Além disso, L. paracasei possui habilidades metabólicas muito interessantes que podem ser exploradas tanto em condições in vivo quanto em processos industriais.” https://air.unimi.it/handle/2434/336570
Muitos advogam que o açucar presente pode beneficiar cândidas, mas os lactobacillus também combatem a cândida.

Em conclusão, este trabalho de doutorado evidenciou as múltiplas propriedades de duas cepas pertencentes à espécie L. paracasei para colonizar o intestino humano (e potencialmente a vagina) após administração oral e interagir com o sistema imunológico do hospedeiro. Além disso, L. paracasei possui habilidades metabólicas muito interessantes que podem ser exploradas tanto em condições in vivo quanto em processos industriais. https://air.unimi.it/handle/2434/336570

 



Aqui está uma tabela comparativa das principais cepas probióticas encontradas em algumas marcas populares de leites fermentados:

Marca Lactobacillus casei Shirota Bifidobacterium breve Lactobacillus acidophilus Streptococcus thermophilus Outras cepas
Yakult
Chamyto
Danone Activia
Batavito
Nestlé LC1
Danonino
Müller Corner Bifidobacterium animalis
Actimel Lactobacillus casei

Observações:

É importante verificar sempre os rótulos dos produtos para obter informações atualizadas sobre a composição de probióticos, pois as formulações podem ser alteradas com o tempo.


Effect of Vaginal Lactobacillus Species on Escherichia coli Growth
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31990804/

Instilação intravaginal de lactobacilos para prevenção de infecções recorrentes do trato urinário
Andrew W. Bruce e Gregor Reid

A cepa Lactobacillus casei Shirota é exclusiva da marca Yakult.

Algumas marcas, como Chamyto e Danone Activia, contêm uma combinação mais ampla de cepas probióticas.

Marcas como Nestlé LC1 e Müller Corner incluem outras cepas probióticas, além das listadas na tabela.

Canadian Journal of Microbiology , 1988, 34 (3): 339-343, https://doi.org/10.1139/m88-062
https://cdnsciencepub.com/doi/10.1139/m88-062

RESUMO
As infecções do trato urinário continuam sendo um problema comum, particularmente na população feminina. Lavar de trás pra frente ou limpar o cocô de forma errada , pode povoar o trato urinário de E. Coli principal causadora de infecção urinária. Novos métodos são necessários para o manejo da cistite recorrente, e pesquisas extensas até o momento sugeriram que a restauração da flora de lactobacilos do trato urogenital pode prevenir essas infecções. Neste estudo, cinco mulheres que sofriam de infecções recorrentes do trato urinário foram tratadas duas vezes por semana com implante intravaginal e perineal de Lactobacillus casei GR-1. Esses organismos colonizaram o epitélio e impediram o surgimento de bactérias coliformes na maioria dos casos, mas não pareciam afetar a colonização enterocócica. In vitro os estudos mostraram que Lactobacilus .casei O GR-1 inibiu o crescimento dos coliformes, mas não inibiu os enterococos. Cada um dos cinco pacientes teve períodos livres de infecção variando de 4 semanas a 6 meses. O tratamento foi bem tolerado, não teve efeitos colaterais, levou a um bem-estar melhorado e foi preferido ao tratamento com antibióticos por todos os pacientes. Esses estudos em humanos, embora de natureza limitada, são os primeiros a examinar o potencial da terapia com lactobacilos na prevenção de infecções do trato urinário. Os resultados mostram que a terapia com lactobacilos, usando organismos cuidadosamente selecionados para tratar pacientes que são acompanhados de perto, pode ser eficaz na prevenção de infecções recorrentes do trato urinário.


PH vaginal e ácido láctico microbicida quando os lactobacilos dominam a microbiota
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24223212/


Papel emergente dos lactobacilos no controle e manutenção da microflora bacteriana vaginal
https://doi.org/10.1093/clinids/12.5.856
Resumo
A microflora vaginal de mulheres assintomáticas saudáveis ​​consiste em uma ampla variedade (dois a cinco isolados a qualquer momento) de gêneros e espécies bacterianas anaeróbias e aeróbias dominadas pelo gênero Lactobacillus facultativo, microaerófilo e anaeróbico. Que a flora vaginal faz parte de um ecossistema em mudança dinâmica é evidente a partir da prevalência variável e dos níveis populacionais de cada espécie bacteriana detectada com amostragem longitudinal repetitiva, com a gravidez e com o estágio do ciclo menstrual. Esta revisão enfatiza o papel que os lactobacilos vaginais podem desempenhar no controle da microflora vaginal e na manutenção do estado normal. Os lactobacilos possuem muitas propriedades antagônicas e produzem muitos metabólitos que podem ser importantes na manutenção do domínio na vagina. Dados contraditórios de estudos anteriores sobre o impacto de fatores como contracepção, produtos catameniais e elementos fisiológicos na microflora vaginal devem-se, em parte, a um projeto de estudo ruim e a diferenças na metodologia. São necessárias investigações bem delineadas e controladas com grande número de indivíduos em cada grupo, e as limitações da metodologia para tais investigações devem ser consideradas. Estudos da flora normal, explorando a interação de lactobacilos e outras espécies bacterianas, devem ser realizados antes de investigar os processos patológicos que resultam em vaginite ou sequelas sistêmicas.

Pendharkar, S. et al. “Evaluation of the Colonization Potential of Lactobacillus Kefiri Genotypes Isolated from the Human Vaginal Ecosystem.” Frontiers in Microbiology, vol. 6, 2015. Esse estudo avaliou o potencial de colonização de diferentes cepas de Lactobacillus, incluindo o L. casei Shirota, e seu impacto na microbiota vaginal saudável. Palagi, A. et al. “Lactobacillus casei Shirota Modulates the Vaginal Microbiota and Reduces the Incidence of Bacterial Vaginosis in Women with Recurrent Infections.” Nutrients, vol. 12, no. 10, 2020. Neste artigo, os autores investigaram os efeitos do L. casei Shirota na prevenção e tratamento de vaginose bacteriana, destacando seu papel na promoção de uma microbiota vaginal equilibrada. Hemmerling, A. et al. “Tousaint Lourens, Lactobacillus-containing vaginal probiotics to prevent preterm birth: a critical review of the evidence.” American Journal of Obstetrics and Gynecology, vol. 213, no. 4, 2015. Este artigo de revisão abordou o uso de probióticos à base de Lactobacillus, incluindo o L. casei Shirota, no contexto da prevenção do parto prematuro, com foco na manutenção de uma microbiota vaginal saudável.

Nesse contexto, este trabalho foi desenvolvido a partir de uma revisão sistemática da literatura com o intuito de avaliar a utilização e eficácia dos probióticos nos tratamentos e prevenção da candidíase vulvovaginal. Utilizando a metodologia PRISMA foram selecionados 23 artigos entre os anos de 2017 e 2022 que apresentavam experimentos in vitro e in vivo utilizando cepas diversas de lactobacillus. Em sua grande maioria os resultados evidenciam que o tratamento probiótico apresentou capacidade antifúngica às colônias de Candida albicans e nos tratamentos in vivo observou-se uma redução significativa dos sintomas da CVV. Dessa forma, probióticos apresentam potencial promissor para serem utilizados no tratamento e prevenção da CVV. https://monografias.ufop.br/handle/35400000/4300

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