Pneumonia – Igual Tratando Igual

Sodré GB Neto

Resumo: Recebi pesquisa da Lancet sobre a alta mortalidade e alta frequencia de doença pneumocócica

https://www.thelancet.com/journals/lanhl/article/PIIS2666-7568(25)00094-7/fulltext?dgcid=raven_jbs_aip_email ; O estudo de coorte correspondente publicado no The Lancet Healthy Longevity investigou a sobrevida a longo prazo após a Doença Pneumocócica Invasiva (DPI) em indivíduos com 65 anos ou mais na Inglaterra, utilizando registros eletrônicos de saúde. Os pesquisadores descobriram que a DPI estava associada a um aumento significativo na mortalidade por todas as causas por pelo menos 5 anos após a infecção, mesmo após o ajuste para comorbidades pré-existentes, privação socioeconômica e etnia, com uma razão de risco (HR) de 3,74 (IC 95% 3,50–3,99) em comparação com indivíduos pareados sem DPI. Esses achados destacam a necessidade de prevenção eficaz da DPI e de mais pesquisas sobre o manejo clínico de longo prazo para os sobreviventes, além de sugerir que a mortalidade a longo prazo deve ser incluída nas análises de custo-eficácia das vacinas pneumocócicas.

Causa: Cepas patogênicas de bactéria Streptococcus pneumoniae. Existem cepas comensais na natureza, por isso devemos conviver e respirar mais em locais saudáveis; pois, esta também e uma causa da doença, não existe aprovação para comercio de cepas comensais. 
Pergunta: Se suplementarmos de cepas comensais da bactéria Streptococcus pneumoniae , criaremos concorrencia pelos mesmos nutrientes e promoveremos cruzamento saudabilizador com as cepas patógenas? (Teoria nossa publicada em 2017)

Sobre o uso de cepas comensais (não patogênicas) de Streptococcus pneumoniae para criar competição por nutrientes e promover um “cruzamento saudabilizador” com cepas patogênicas é interessante e baseada em princípios da microbiologia.

1. Competição por nutrientes

  • Sim, é possível criar competição: As cepas comensais de S. pneumoniae são bactérias que habitam naturalmente o corpo humano (como no nariz e garganta) sem causar doenças. Se você “suplementar” com essas cepas (por exemplo, via probióticos ou manipulação experimental), elas poderiam competir com as cepas patogênicas pelos mesmos recursos, como nutrientes, espaço e receptores no hospedeiro.
    • Isso se baseia no conceito de ecologia microbiana, onde bactérias competem por nichos ecológicos. Por exemplo, as cepas comensais poderiam consumir nutrientes essenciais (como açúcares ou aminoácidos) mais rapidamente, limitando o crescimento das cepas patogênicas.
    • Estudos em modelos animais e in vitro mostram que a introdução de bactérias benéficas pode reduzir a colonização por patógenos, um princípio usado em terapias como os probióticos para desequilíbrios intestinais. No caso de S. pneumoniae, isso poderia potencialmente diminuir o risco de infecções, como pneumonia.
  • Limitações: No entanto, isso não é garantido. Fatores como a dose, a via de administração e o estado do hospedeiro (por exemplo, se há um sistema imunológico comprometido) influenciam o resultado. Além disso, S. pneumoniae é um colonizador comum, e suplementar com cepas comensais pode não ser eficaz em ambientes onde as patogênicas já estão estabelecidas.

2. Promoção de cruzamento “saudabilizador”

  • O que é cruzamento genético em bactérias?: S. pneumoniae é conhecida por sua capacidade de realizar transferência horizontal de genes, incluindo recombinação genética (por exemplo, via transformação, onde a bactéria absorve DNA do ambiente). Se cepas comensais e patogênicas estiverem no mesmo local (como o trato respiratório), elas poderiam trocar material genético.
    • Um “cruzamento saudabilizador” hipotético significaria que genes benéficos das cepas comensais (por exemplo, aqueles que promovem adaptação não patogênica) poderiam ser transferidos para as cepas patogênicas, potencialmente reduzindo sua virulência. Isso é teoricamente possível, pois S. pneumoniae tem um genoma altamente recombinante.
  • É realmente benéfico?:
    • Possibilidades positivas: Em alguns cenários, a troca genética poderia “diluir” fatores de virulência (como genes que codificam toxinas ou cápsulas protetoras), tornando as cepas patogênicas menos agressivas. Isso é semelhante a estratégias de “terapia de fago” ou manipulação microbiana em pesquisa.
    • Riscos: No entanto, o oposto também pode ocorrer. A transferência de genes poderia espalhar resistência a antibióticos ou outros traços patogênicos das cepas patogênicas para as comensais, criando superpatógenos. Estudos mostram que isso é um problema real em ambientes hospitalários, onde a recombinação genética contribui para a evolução de bactérias resistentes.
    • Evidências científicas: Há poucos estudos diretos sobre o uso de cepas comensais de S. pneumoniae para esse fim. A maioria da pesquisa foca em vacinas (como a vacina pneumocócica) ou antibióticos, em vez de suplementação bacteriana. Um exemplo relacionado é o uso de probióticos com lactobacilos para competir com patógenos respiratórios, mas isso não é específico para S. pneumoniae.

3. Considerações práticas e precauções

  • Isso é viável na prática?: Suplementar com cepas comensais não é uma abordagem padrão na medicina. Embora haja interesse em terapias baseadas em microbioma (como transplantes fecais para o intestino), aplicar isso a S. pneumoniae é complexo e arriscado. Por exemplo:
    • Introduzir bactérias vivas pode levar a infecções em pessoas imunocomprometidas.
    • Não há produtos comerciais aprovados para isso, e qualquer tentativa deve ser feita sob supervisão médica ou em contextos de pesquisa controlados.
  • Recomendações: Em vez de depender de suplementação bacteriana, as estratégias comprovadas para prevenir infecções por S. pneumoniae incluem:
    • Vacinação (ex.: vacinas conjugadas contra pneumococos).
    • Higiene adequada, como lavar as mãos e evitar contato com doentes.
    • Tratamento antibiótico para infecções confirmadas.

Olá! Sua pergunta sobre probióticos que contêm cepas comensais de Streptococcus pneumoniae é válida, especialmente considerando a discussão anterior sobre competição microbiana. No entanto, vou responder de forma clara e baseada em evidências científicas. Vamos direto ao ponto:

Resposta direta:

  • Não há probióticos comerciais ou aprovados que contenham Streptococcus pneumoniae, mesmo cepas comensais.
    • Isso ocorre porque S. pneumoniae é considerado um patógeno oportunista, ou seja, pode causar infecções graves (como pneumonia, meningite ou otite) em certas condições, mesmo que algumas cepas sejam naturalmente comensais (vivam no corpo sem causar problemas). Por razões de segurança, agências regulatórias como a FDA (nos EUA) ou a ANVISA (no Brasil) não aprovam o uso de S. pneumoniae em suplementos probióticos, pois há risco de contaminação cruzada ou efeitos adversos, especialmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

Por que isso acontece?

  • Questões de segurança: Probióticos são definidos como microrganismos vivos que conferem benefícios à saúde quando consumidos em quantidades adequadas. No entanto, S. pneumoniae não é classificado como “geralmente reconhecido como seguro” (GRAS, na sigla em inglês). Introduzir essa bactéria via suplemento poderia potencialmente levar a infecções ou promover a transferência de genes de resistência a antibióticos entre cepas.
  • Foco dos probióticos existentes: A maioria dos probióticos disponíveis no mercado contém bactérias como Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces boulardii ou Escherichia coli Nissle 1917, que são seguras e comprovadas para promover a saúde intestinal, equilibrar o microbioma e fortalecer o sistema imunológico. Essas bactérias não estão diretamente relacionadas a S. pneumoniae, mas podem ajudar indiretamente na competição com patógenos respiratórios ao melhorar a saúde geral do microbioma.
  • Pesquisa em andamento: Embora haja estudos explorando o uso de bactérias comensais para manipular o microbioma (por exemplo, em pesquisas com transplantes de microbioma), isso não é aplicado a S. pneumoniae em produtos comerciais. Qualquer tentativa de usar cepas específicas como essa seria experimental e realizada apenas em ambientes controlados, como laboratórios ou ensaios clínicos.

O que você pode considerar como alternativa?

Se o seu interesse é em promover a saúde respiratória ou equilibrar o microbioma (por exemplo, para competir com patógenos como S. pneumoniae), aqui vão algumas sugestões de probióticos seguros e comuns:

  • Probióticos com Lactobacillus e Bifidobacterium: Esses são os mais comuns e podem ajudar a fortalecer a barreira imunológica no trato respiratório e intestinal. Exemplos:
    • Lactobacillus rhamnosus GG: Usado para saúde intestinal e pode ter efeitos indiretos na imunidade respiratória.
    • Bifidobacterium lactis ou Bifidobacterium bifidum: Bons para o equilíbrio do microbioma e redução de inflamações.
  • Produtos recomendados: Marcas como Culturelle, Align ou Yakult (no Brasil, opções como Danoninho Probiótico ou suplementos de farmácia) contêm essas cepas. Sempre verifique o rótulo para confirmar os ingredientes.
  • Benefícios potenciais: Embora não ataquem diretamente S. pneumoniae, esses probióticos podem promover uma microbiota saudável, o que indiretaamente ajuda na competição com patógenos.

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