Resumo
A Teoria da Degeneração das Espécies (TDE), proposta por Sodré GB Neto, estabelece que a acumulação progressiva de mutações deletérias e a degeneração genética predominam no processo evolutivo das espécies, em contraposição à visão clássica de seleção natural como um mecanismo de melhoria constante. Este artigo revisa os bases teóricas da TDE, apresenta evidências científicas que a suportam, destaca suas diferenças cruciais em relação às teorias de Darwin e Lamarck, discute predições testáveis exclusivas, e explora suas implicações para estudos genômicos modernos. Também são indicados datasets genômicos públicos adequados para testar tais predições, promovendo avanços na validação experimental da teoria.
Introdução
A evolução biológica convencionalmente destaca a ancestralidade comum e a seleção natural conforme descrito por Darwin, bem como propostas anteriores de Lamarck sobre herança dos caracteres adquiridos. A TDE, por sua vez, sugere que o acúmulo de mutações deletérias — ou entropia genética — é um processo predominante na evolução, inadimplente à reversibilidade ou “melhoria” genética. Essa visão se apoia na observação de padrões paleontológicos de estase morfológica e repetição, catastrofismos ambientais e aceleração de fenômenos físicos que promovem mutagênese e degeneração sistêmica.
Fundamentos da TDE
A TDE parte da premissa que a entropia genética ocorre tanto em nível individual, com o envelhecimento relacionado à acumulação de mutações mitocondriais e nucleares, quanto em nível populacional, onde a seleção natural não elimina completamente mutações deletérias, levando a uma progressiva degeneração da variabilidade genômica. Eventos catastrofistas, como impactos de asteroides, são apontados como mecanismos que aceleram o decaimento radioativo e promovem mutações em massa acarretando episódios de extinção e repovoamento que explicam a estase morfológica no código fóssil.
Evidências Científicas
Evidências empíricas incluem a análise da instabilidade do decaimento radioativo durante impactos com forças de plasma e piezoeletricidade, além do elevado número de SNPs em linhagens humanas consideradas sobreviventes de catástrofes recentes que refletem radiações e mutações em gametas. Dados genômicos recentes indicam a constante acumulação de mutações mitocondriais com o envelhecimento em tecidos diferenciados, evidenciando falha parcial dos mecanismos de reparo e autofagia. A paleontologia corrobora por meio da observação de eventos de sepultamento em massa e estabilidade morfológica prolongada que contradizem progressão evolutiva contínua.
Comparação com Teorias Clássicas
Ao contrário do darwinismo, que propõe evolução por seleção natural operando para melhoria adaptativa, a TDE enfatiza o empobrecimento gradual por mutações deletérias sem recuperação completa da função genética. A visão Lamarckiana da herança de caracteres adquiridos tampouco é respaldada neste modelo, que rejeita adaptações dirigidas em favor da degeneração genética progressiva.
| Aspecto | Teoria da Degeneração das Espécies (TDE) | Darwinismo / Lamarckismo |
|---|---|---|
| Mecanismo principal | Acumulação irreversível de mutações deletérias | Seleção natural / herança de caracteres |
| Direção da evolução | Degeneração e perda funcional | Melhoria adaptativa progressiva |
| Papel dos catastrofismos | Aceleram degeneração e mutagênese | Não previstos explicitamente |
| Adaptabilidade geneticamente | Deterioração progressiva | Adaptação e aumento da variabilidade genética |
| Evidência fóssil | Estase e cepas repetitivas | Gradualismo e divergência adaptativa |
Predições Testáveis Exclusivas
A TDE prevê a inevitabilidade do aumento da carga mutacional deletéria ao longo do tempo, mesmo sob pressão de seleção; aceleração da entropia genética por eventos catastróficos; e padrões paleontológicos de repetição morfológica reflexo desse processo. Experimentações podem detectar esta acumulação irreversível em estudos longitudinais genômicos, tanto em indivíduos quanto em populações. Também prevê a não eliminação completa da variabilidade deletéria, contrário ao darwinismo, que prevê melhora contínua.
Implicações para a Genômica
Predições específicas da TDE podem ser testadas por sequenciamento de DNA mitocondrial e nuclear em populações heterogêneas, análise da frequência e impacto de mutações deletérias, modelagens de acumulação mutacional em populações afetadas por catastrofismos e experimentos com edição genética para simular perdas funcionais acumulativas. Bases de dados como Programa Genomas Brasil, 1000 Genomes Project e UK Biobank, pela sua diversidade e escala, são recursos valiosos para validações empíricas.
Considerações Finais
Embora a teoria ainda demande validação experimental direta, a TDE propõe um paradigma opcional para explicar certos padrões evolutivos, incluindo a degeneração genética progressiva e os impactos ambientais catastróficos. Oferece um campo promissor para pesquisas interdisciplinares em genética, paleontologia e biologia molecular, complementando e desafiando conceitos evolucionistas clássicos.
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