Esse é um tema delicado, e os números variam bastante conforme a fonte, o país e a metodologia de investigação. Não existe um registro único, global e atualizado de “quantos padres pedófilos já foram registrados”, mas há levantamentos importantes em alguns contextos nacionais e institucionais:
- Estados Unidos – O “John Jay Report” (2004), encomendado pela Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, analisou denúncias de 1950 a 2002. Foram documentados 4.392 padres acusados de abuso sexual contra menores, correspondente a cerca de 4% do clero atuante no período.
- Alemanha – Um estudo encomendado pela própria Igreja Católica Alemã (publicado em 2018) identificou 1.670 clérigos acusados de abuso sexual de menores entre 1946 e 2014, envolvendo mais de 3.600 vítimas.
- França – A Comissão Independente sobre os Abusos Sexuais na Igreja (CIASE), em relatório de 2021, estimou que entre 2.900 e 3.200 sacerdotes ou religiosos abusaram de menores entre 1950 e 2020, com aproximadamente 216.000 vítimas (esse número sobe para 330.000 se forem incluídos abusos por leigos ligados à Igreja).
- Austrália – A Royal Commission into Institutional Responses to Child Sexual Abuse (2017) apurou que 7% dos padres católicos australianos atuantes entre 1950 e 2010 foram acusados de abuso sexual de menores.
- Irlanda – Relatórios como o Ryan Report (2009) e o Murphy Report (2009) mostraram centenas de casos documentados em dioceses e instituições católicas irlandesas entre as décadas de 1930 e 1990.
Síntese
- O percentual de padres envolvidos em casos de abuso sexual infantil costuma variar entre 2% e 7% do clero, dependendo do país e do período analisado.
- Em números absolutos, dezenas de milhares de vítimas já foram oficialmente registradas em relatórios nacionais.
- Esses dados provavelmente ainda subestimam a realidade, devido à subnotificação e à dificuldade em denunciar casos históricos.
Tabela comparativa – Casos de padres acusados de pedofilia em diferentes países
| País / Relatório | Período Analisado | Padres / Religiosos envolvidos | Vítimas registradas ou estimadas | Fonte |
|---|---|---|---|---|
| EUA – John Jay Report (2004) | 1950–2002 | 4.392 padres (≈4% do clero no período) | 10.667 denúncias documentadas | John Jay College of Criminal Justice, USCCB |
| Alemanha – Estudo encomendado pela Igreja (2018) | 1946–2014 | 1.670 clérigos | 3.677 vítimas identificadas | DBK – Conf. Episcopal Alemã |
| França – CIASE Report (2021) | 1950–2020 | 2.900–3.200 clérigos | 216.000 vítimas (330.000 incluindo leigos ligados à Igreja) | Commission indépendante sur les abus sexuels dans l’Église |
| Austrália – Royal Commission (2017) | 1950–2010 | 7% dos padres católicos do período (~1.880 padres) | ~4.444 vítimas documentadas | Royal Commission into Institutional Responses to Child Sexual Abuse |
| Irlanda – Ryan Report, Murphy Report (2009) | 1930–1990s | Centenas de padres e religiosos (número exato difícil de precisar) | Milhares de vítimas em escolas, internatos e dioceses | Ryan Report (2009); Murphy Report (2009) |
Observações analíticas
- Apesar da variação metodológica, os relatórios convergem na faixa de 2% a 7% do clero envolvido em diferentes contextos.
- Muitos especialistas consideram que os dados oficiais são conservadores, devido à subnotificação e ao encobrimento histórico por parte das instituições religiosas.
- A prevalência e impacto social desses casos levaram a comissões nacionais de inquérito, reformas na Igreja e políticas atuais de prevenção e reparação.
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